Recife — Na corrida rumo à descarbonização e ao controle do risco climático, o etanol tem grandes chances de ser o combustível do futuro, de acordo com especialistas. Originário da cana-de-açúcar ou do milho, o biocombustível é utilizado como mistura na gasolina e vem sendo estudado como fonte para o combustível sustentável da aviação, o SAF, na sigla em inglês, por exemplo. Segundo maior produtor global do biocombustível, atrás apenas dos Estados Unidos o Brasil vem se destacando com o avanço da produção de etanol de milho — matéria-prima do etanol dos EUA —, devido aos investimento de plantas no território nacional que estão mudando a escala de produção local.
Conforme estimativas da Datagro Consultoria, atualmente, há 25 plantas produtoras de etanol do milho em operação para 62 nos próximos 10 anos, e, aumento de 122,5% na produção nesse período, passando dos atuais 11,1 bilhões litros para 24,7 bilhões — praticamente o equivalente à atual produção de etanol de cana-de-açúcar estimada pela consultoria para o biênio 2025-2026. Atualmente, há 18 plantas em construção, com capacidade de 5,41 bilhões de litros do biocombustível.
Em 2024, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção de etanol cresceu 4,22% em relação ao ano anterior, somando 36,9 bilhões de litros. Enquanto isso, nos EUA, a produção de etanol somou 66 bilhões de litros no ano passado, segundo dados da Agência Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês).
De acordo com Plínio Nastari, presidente da Datagro, o etanol é a solução reconhecida para a descarbonização e o controle do risco climático e, ao lado da Índia, é um dos maiores pólos globais de produção de álcool a base da cana-de-açúcar, tecnologia pioneira desde a década de 1970. Hoje, segundo ele, o custo de produção no Brasil "é o mais competitivo do mundo". Devido aos investimentos dos produtores, a produtividade geral passou de de 2 mil litros por hectare, há 50 anos, para 7 mil litros por hectare, atualmente, e, algumas usinas já caminham para uma produtividade de 10 mil litros por hectare.
Na avaliação do especialista, não há competição entre o etanol e a produção de alimentos. "O consumo mundial e no Brasil continuam crescendo. É uma falácia a competição do biocombustíveis com os alimentos. Os biocombustíveis promovem a integração das cadeias produtivas de alimentos", disse Nastari. Ele citou várias oportunidades geradas pelo mercado de etanol, como leveduras, aminoácidos, aproveitamento do bagaço, pontas e palhas e novos mercados para SAF, bioplástico e reforma para hidrogênio verde.
Devido ao forte ritmo de crescimento da produção de etanol, o consumo também precisará aumentar para absorver o aumento da oferta que está em curso, de acordo com o analista. "Ainda há espaço muito grande para a ampliação do uso do etanol no Brasil, como o recente aumento do percentual da mistura na gasolina", acrescentou.
Desde 1º de agosto, as especificações da gasolina C passaram a conter 30% de etanol anidro na composição, que antes era de 27,5%, mas o uso ainda é considerado baixo por ele. Aliás, os investimentos no desenvolvimento do SAF pela indústria de aviação estão em curso e há várias rotas em desenvolvimento, de acordo com o principal executivo (CEO) da Airbus no Brasil, Gilberto Peralta. Ele reconheceu que uma delas é o combustível sustentável à base de etanol da cana, no qual o Brasil tem vantagens.
"O Brasil pode produzir bastante álcool e haverá espaço para ele sim, mas ainda há todo um processo para se chegar até o SAF", disse. Segundo ele, a soja pode ser outra matéria-prima para o SAF que pode funcionar no Brasil, devido à alta disponibilidade do grão. Peralta destacou ainda que, os jatos comerciais de hoje em dia consumem muito menos Querosene de Aviação (QAV) no passado, e, com isso, a aviação responde por 2% das emissões de carbono no mundo.
Potencial no Nordeste
E, devido a ampliação no número de plantas produtos pelo país, o Nordeste tende a ampliar a produção, podendo zerar o deficit atual nos próximos anos. "Haverá novas oportunidades para a comercialização do etanol e a saída natural será a exportação, como deve acontecer com os Estados Unidos, que devem exportar o excedente", destaca. Nastari reconheceu que a região tem grande potencial para o desenvolvimento de energias renováveis, e, na próxima década, com o aumento da produção de etanol de milho na região deverá zerar o deficit local que, neste ano, será reduzido em 400 milhões de litros, passando para 2,5 bilhões. Pelas projeções da consultoria, esse saldo negativo deverá diminuir 85% até 2030 devido aos projetos de construção de plantas na região.
O diretor de Negócios do Banco do Nordeste (BNB), Luiz Abel Amorim, reforçou o coro com os analistas de que o Nordeste tem grande potencial para a produção de energias renováveis. Segundo ele, nos últimos oito anos a instituição financiou R$ 78 bilhões em infraestrutura de energia na região. Desse montante, R$ 55 bilhões foram voltados para a geração de energia renovável, bem como no apoio aos pleitos de transmissão e distribuição de energia. "Com a expansão dos projetos de energia renovável matriz elétrica a renovabilidade do em Brasil alcançou 88,2%, em 2024, liderando globalmente em energia limpa com hidrelétricas, energia eólica, solar e biomassa", destacou Amorim.
Os especialistas participaram de debates em painéis do Fórum Nordeste, realizado em Recife, na semana passada, e promovido pelo Grupo Eduardo Queiroz Monteiro (EQM).
Fonte: correiobraziliense
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